A Rua Oswaldo Américo de Souza não é uma rua famosa em Londrina, mas tem suas peculiaridades. Lá as crianças ainda brincam na rua. Brincam de bola, de bets, de queimada, sentam no meio fio, riem, conversam. Vai ver elas até jogam bolinha de gude e bugalha. No meio da rua armam seu campo de futebol e, por incrível que pareça, os motoristas, assim como eu, se quiserem passar tem que desviar o carro. Lá não adianta buzinar, ter cara feia ou ficar impaciente. Com um simples olhar inocente qualquer mal humor se desfaz.
Para quem viveu sua infância até a década de 1990 sabe do que estou falando. Essa é uma cena considerada histórica, me remeteu a um passado, não muito distante, mas que eu achava que já tinha morrido com a civilização, com a tecnologia e com o estresse de todo dia.
A Rua Oswaldo Américo de Souza situa-se no residencial Abussafe, Zona Leste de Londrina. Região que até pouco tempo atrás não era habitada por gente. Por lá imperavam os pés do ouro verde, que ajudaram a colonizar e a transformar Londrina na segunda cidade mais habitada do Paraná, perdendo apenas para Curitiba.
A Rua Oswaldo Américo de Souza me fez recordar a infância. Quando me dei conta que isso ainda existia, por bons momentos, fiquei olhando a meninada brincando. Quando por eles passo, até me chamam de tia, sorriem, conversam. Perguntam se minha Pitbull, a Duda, é mansinha. Eles puxam conversa como antigamente se fazia. Olham nos olhos sem medo de nada e sem intenção alguma.
A Rua Oswaldo Américo de Souza me fez perceber que hábitos antigos, antes considerados toscos, hoje são considerados nobres, um bom dia, boa tarde, como vai ou simplesmente um olhar amigo, um sorriso, que quase não existem mais. O ser humano perdeu sua essência, deixou de lado o amor ao próximo, o verdadeiro sentido de se viver em comunidade. Por isso ouve-se dizer tanto em síndrome do pânico, estresse, depressão. O ser humano deixou de ser gente e tentou virar robô. Afinal robô não pensa, não sonha, não sente....
A Rua Oswaldo Américo de Souza me fez lembrar que sou gente. Gente que precisa ganhar sorrisos. Gente que entende que é preciso olhar para trás e de lá resgatar o que o tempo tentou apagar.
A Rua Oswaldo Américo de Souza é a rua mais feliz do mundo e que há muuuuuito tempo eu não via. A Rua Oswaldo Américo de Souza é a rua da minha casa!
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